Sempre
quis conhecer o causador da ausência do fechar dos meus olhos. Claro que não
desejava que a ação fosse para sempre, porém para ocorrer em cada noite.
Via
sempre a dança da mesma moça no umbral da porta. Nunca vi a cara dela, mas as
linhas que a traçavam, negras em ondas vibrantes. Elas eram sombras.
Sempre
que o sono não vinha, a moça vinha, primeiro parando no umbral como se
esperasse eu dizer “um, dois, três e ação”.
Os
meus olhos ficavam dormentes, mas não caçavam a porcaria do sono. Velho que
sou, precisava de mais sono e atingir o sonho.
Nunca
desligava a lâmpada, pois sabia que era um suicídio. Não sei como escapei na
noite que ousei desligar. Não vou deixar os detalhes aqui, eu imagino o que
você imagina, na verdade me lembro muito bem como se fosse uma hora atrás.
Desejei
o sono, desejei o sonho e só ganhei a dança da moça feita de linhas de sombras
que depois de um mês descobri que eram assombradas.
Ela
não assombrava a mim, mas sim, eu assombrava a ela, porque era o lugar dela, o
leito dela, o paraíso dela.
Por
muito tempo pensei que os meus olhos estivessem embriagados da monstruosidade
por eles observada.
Não
sei como é possível eu contar tal coisa, a todas as almas dentro da carne ainda
em dia.
A
dança da moça era diária até certa noite em que... hesito dizer porque não
quero arrancar de ti espanto.
Acordei
suando, finalmente havia dormido, havia tocado no sono e alcançado o sonho, mas
pela última vez.
A
dançarina das minhas noites sem sono estava comigo, deitada ao meu lado,
respirando o meu suor, meu líquido viscoso, minha alma. Sim, o líquido era
vermelho, embelezando a roupa da cama com detalhes do demônio.
A
dançarina era... sim era uma entidade que me desejava, me consumia em cada
noite e agendava um dia para me levar junto com ela.
É
tão apertado aqui no caixão, perco ar, perco forças e isso é angustiante.
Antes
de eu morrer ela me revelou a verdade. Ela foi enviada por alguém para adiantar
o meu descanso.
Eu
estava doente, precisava de algo eficiente. Já não aguentava mais as vozes que
escutava, já não aguentava mais os monstros que eu via, já não aguentava mais
as alucinações.
Pela
última vez, vi a enfermeira, pelos caminhos conectados ao meu corpo, injetando
o veneno que acabou com o meu sofrimento.
Agora
descanso em paz.
Micro
conto:
James Nungo
No
wattpad, você o encontra com o
perfil: @jamesnungo
Escreve
diversos estilos, corajoso, mas o que mais gosta é escrever livros e contos
sobre terror.
Bem-vindo
a equipe James Nungo!
Grande
abraço,
Escritor,
Adelmar
Afonso
Muito obrigado por me desejar boas vindas. Venho com toda alegria no meu imo por saber que agora faço parte desta linda família de mestres.
ResponderExcluiro prazer é nosso! Obrigado James!
ExcluirMuito bom!!!
ResponderExcluirMuitíssimo obrigado Leonardo Pires!
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